Hey, vem cá!



Hey, vem cá! 

Senta aqui, vamos conversar? Aceita uma água, um café ou um chá?

Hoje a conversa será profunda. Um intenso diálogo sobre saber pedir ajuda e que está tudo bem se deixar ser ajudado.

Pega a sua bebida e vem comigo!

Quem me acompanhou na última semana deve ter visto o meu sumiço nas redes. Não que seja algo raro, vocês sabem que eu não sou a maior fã do Instagram e que, de tempos em tempos, dou meu chá de sumiço por aquela rede social.

Porém, dessa vez, foi porque adoeci. Tive uma crise de gastrite provocada por estresse intenso nas últimas semanas e também uma intoxicação alimentar. Vocês sabem que eu não sou de expor minha vida pessoal - inclusive nem gosto, só estou falando para entenderem meu ponto -, porém, quando eu estava no hospital na terça feira, percebi que estava me submetendo a um sofrimento que eu não precisava.

Como assim?



Eu explico. Eu sempre fui muito de resolver tudo sozinha e tentar fazer as minhas coisas sem dar qualquer trabalho a quem quer que esteja ao meu redor. Isso talvez tenha me amadurecido desde cedo nesse quesito. Eu já fui outras vezes ao hospital sozinha, já engessei o pé sozinha, já fui com trinta e nove de febre sozinha. 

Porém, naquela terça-feira, eu não precisava estar sozinha, mas me submeti aquilo. 

Tive essa epifania entre um desmaio e outro por conta de uma reação a um medicamento. Me deu um pânico absurdo de estar sozinha e me veio o questionamento "por que raios eu escolhi estar sozinha ali? Eu não precisava estar sozinha." Então eu lembro vagamente de implorar para a enfermeira para que não me deixasse só. Eu estava com medo, eu estava doente, eu estava assustada e eu não queria ficar sozinha.

Então ela me disse da forma mais amável possível que estava ali comigo e não saiu do meu lado até o meu quadro se estabilizar. 

Naquele momento, eu lembro que liguei para minha melhor amiga e pedi para que fosse ficar comigo. Ela largou tudo e foi até mim, então eu percebi: se eu não tivesse falado nada, eu teria continuado sozinha.

Não teria a enfermeira, minha melhor amiga não teria ido.

Acho que estamos tão acostumados a vestirmos nossa armadura para o mundo, que esquecemos que somos humanos e que tá tudo bem pedir ajuda, tá tudo bem conversar, tá tudo bem contar para alguém que não está bem.

Somos tão humanos, somos tão imperfeitos, somos tão fortes, mas, ao mesmo tempo, somos tão frágeis.

Eu tenho dificuldade para falar como eu me sinto, essa é uma das razões pela qual escrevo. Eu me expresso melhor através das palavras escritas do que faladas.

Isso é algo que a terapia tem me ensinado: se eu não falar como me sinto, se eu não expressar a bagunça de sentimentos dentro do meu peito, as pessoas ao meu redor não irão saber, porque elas possuem seus próprios caos internos para lidarem, e isso pode acabar silenciando para o barulho que existe dentro do outro. 

Por isso que é importante falar, para que a voz seja mais alta do que qualquer caos que exista na cabeça. 

Eu pensei diversas vezes antes de vir compartilhar isso, mas percebi que seria importante e que talvez alguém precisasse ler esse texto nesse momento.

Tá tudo bem pedir ajuda, tá tudo bem conversar e colocar o que te aflige o coração para fora. Tá tudo nem não ser forte o tempo todo. Tá tudo bem se encostar em alguém e chorar um pouco. Tá tudo bem pedir abrigo e colo, tá tudo bem, meu bem...

Se você estiver passando por uma situação difícil, procure alguém que confia para conversar, alguém que te ame tanto que só escute o seu desabafo. Do mesmo modo, saiba que existe sempre uma saída, e você pode procurar ajuda profissional para que possa te mostrar os caminhos a se tomarem.

Nós humanos somos frágeis, mas também somos muito fortes e jamais duvide dessa força.

Te enviando muito amor, carinho e luz e que dias melhores possam vir.

Se cuida, tá?

Um xêro,

Thya

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