
Chorei porque senti.
Senti no peito. Senti na minha alma. Senti a realidade.
A realidade de que algo nunca acontecerá. De que hoje me amo demais para continuar me submetendo a isso. Da desilusão de que algo possa acontecer.
Eu senti.
Senti sem reservas. Sem restrições. Senti de cabeça como se mergulhasse em algo límpido, mas percebendo que as águas eram turvas. Doeu como uma lapada. Um chicote açoitado na alma. Doeu como um choro engasgado.
É, doeu.
A realidade demorou, mas chegou e doeu. Doeu de verdade, sem eufemismo nenhum. Doeu como um cachorro amordaçado.
O que eu podia fazer? Pois só rezando para encontrar alívio nos sentimentos errados que existem no peito.
A realidade bateu mesmo, sem nem dó e piedade. Cruel como um sol no sertão, seco como o período de seca.
Nem fulô de mandacaru poderia brotar como esperança. Era a realidade batendo na porta, chutando com dois pés e um ferro. Arrombando minha vida sem misericórdia, abrindo meus olhos para aquilo que neguei tanto tempo para ver.
O que eu poderia fazer?
Continuar mentindo como se não houvesse amanhã? Continuar acreditando como se aquilo fosse verdade? A doce mentira se torna amarga com a cruel realidade.
Mas eu só consigo me perguntar: o que eu poderia fazer?
Só me resta esse ressoar amargo de mais um coração quebrado
Que já não acredita mais em nenhum afago
E deixou de ser aquilo que adoraria ter.
Thyaly Diniz


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