
Hey, vem cá! Senta aqui, vamos conversar? Aceita uma água, um café ou um chá?
A conversa de hoje é algo que demorei MUITO para entender o significado e que me custou algumas lágrimas no processo.
Ao longo da vida, e eu falo como se já tivesse muitos anos nas costas, mas só tenho 22, eu sempre fui uma pessoa muito intensa, por isso essa característica se torna um defeito e uma qualidade, é a minha faca de dois gumes. Se estou triste, eu choro toda a água do meu corpo, se estou feliz, gargalho e grito como se o mundo fosse meu.
Essa característica minha sempre acabou me colocando em situações que me renderam momentos incríveis, mas também alguns corações quebrados no processo. Acredito que faça parte da vida a gente chorar um pouco por causa de algumas pessoas, pois nos ensina a não fazer alguém chorar.
Faz com que a gente pense que aquela dor poderia ser nossa e nós não gostaríamos que alguém sentisse a dor que sentimos, não é?
A conversa de hoje é sobre isso, sobre doer, deixar ir, ressignificar. Sabe quando você é criança e brinca com crianças aleatórias como se fossem melhores amigas, mas depois cada uma segue seu caminho e só fica o sentimento bom?
Crescer é um pouquinho disso.

Durante a nossa adolescência, tudo parece muito confuso. Somos velhos demais para algumas coisas, mas jovens demais para outras. Entram pessoas na nossa vida que parecem nos entender, e, simplesmente queremos que elas fiquem o resto de suas vidas ao nosso lado. Porém, nós crescemos, entramos na vida adulta e essas pessoas vão acenando e seguindo seus caminhos. Despedidas sempre são dolorosas em algum ponto, ainda mais aquelas que confiamos tanto.
Por exemplo, quando tratamos de um ex, falamos ex-namorade, ex companheire, ex-afins... (gênero neutro sim).
Porém, já percebeu o quanto dói quando falamos ex-melhor amigo?
Dói. Dói muito.
Eu tenho alguns ex-melhores amigos e, mesmo com esse tempo, ainda dói um pouco falar sobre isso.
Entretanto, parece que nós muitas vezes insistimos em algo que não é para ser insistido, que já houve seu tempo em seu momento e deveríamos deixar viver as boas lembranças na mente antes que tudo se torna apenas dor de algo que não voltará mais.
Uma das coisas que mais me machucava nesse processo é o fato da pessoa também não me deixar ir. Doía muito e ainda dói quando algum deles ressurge em minha vida depois de meses, como se nada tivesse acontecido. Talvez doa assim justamente como eu disse de forma supracitada (palavra chique, né? Aprendi no curso de Direito, significa: citado acima): eu sou uma pessoa intensa, ainda mais com amizades. Eu deposito TODA a minha lealdade. Quando essas pessoas vão embora, sinto como se minha lealdade fosse quebrada.
Tenho aprendido, não de forma agradável, que é só o caminho delas e elas o estão seguindo, assim como eu deveria seguir o meu. É mais ou menos assim: essas pessoas passaram por minha vida, foram muito importante, mas não significa que vão ficar. Chega uma hora que elas precisam seguirem seus caminhos, eu já aprendi o que deveria ter aprendido com a permanência delas, assim como vice-versa, mas é também meu momento de ir e não permitir que fiquem indo e voltando se isso me machuca.
(Talvez eu traga um dia um post para falar apenas sobre amizade. Sinto que tenho muito o que falar sobre isso).
Assim como nós precisamos deixar ir algumas coisas, mesmo que seja doloroso, é necessário porque faz parte da vida. Há pessoas que entram na nossa vida, fazem uma bagunça enorme, demonstra que vão ficar, mas jamais tiveram a intenção de demorar mais do que um pequeno café ( e olhe que nem gosto de café - pode me julgar).
E dói quando percebemos isso. Dói bastante, da mesma forma que também fomos essa pessoa na vida de alguém.
Eu vivo repetindo isso, com mais vezes do que gostaria, mas, com minha pouca idade, entendi que a vida acontece. Por isso, nós precisamos pensar não apenas nos nossos sentimentos, mas também no do outro.
É preciso ter responsabilidade emocional sobre todas as suas ações. Você não pode, por exemplo, simplesmente entrar na vida de uma pessoa e ir embora como se nada tivesse acontecido. Isso é cruel com o outro, que provavelmente já estava acostumado com sua ausência, já havia aceitado a deixar ir, já havia entendido que aquela pessoa não faria parte do seu caminho.
Porque, tá tudo bem seguir seu próprio caminho.
A vida acontece, pessoas vão seguindo seus próprios caminhos, tomando suas próprias decisões e arcando com cada uma delas. Ressignificamos algumas coisas, amadurecemos outras, colocamos novas prioridades. E está tudo bem, é assim que a vida acontece, a vida segue seu rumo, como um rio, as vezes calmo e tranquilo, as vezes mais agitado do que deveria.
Entretanto, somos todos humanos, dotados de qualidades e defeitos, e, acredito eu em minha sincera e humilde opinião, que brincar com os sentimentos alheios seja um dos piores defeitos da existência humana. É cruel não deixar alguém seguir seu caminho por puro egoísmo e medo de não ter aquela pessoa em sua vida.
Amar, antes de tudo, é deixar livre. Se for para voltar, haverá de voltar. Se não for, o que deveria ter sido feito já aconteceu e só te resta deixar essa pessoa ir.
Eu sei que dói, mas é preciso deixar ir, pois assim você também poderá ir. Você também tem um caminho para seguir.
Então, mesmo que tenha doído, deixe ir, ressignifique momentos, músicas, pessoas, lembranças em sua vida. Quando você ressignifica, deixa de machucar e passa a ser aprendizado. A vida continua acontecendo e o mundo continua girando. Talvez vocês se esbarrem por aí, mas ao invés de conservar uma dor no coração, espero que você possa sentir um sorriso de alívio de que você seguiu o seu caminho, que as dores foram superadas, que você foi forte e que você conseguiu e que só as boas lembranças fiquem no seu peito, assim como o aprendizado daquele término (seja de qualquer natureza a relação).
Aliás, precisamos normalizar o término de amizade. Há pessoas que não nos fazem bem e nós precisamos por um fim nisso, não perdurar em nome de bons momentos porque não passa disso, bons momentos que aconteceram no passado. (Vou fazer um post sobre isso essa semana, esse assunto pede um post único)
Deixe ir, para que então você também possa ir.
Acredito que deixar ir é o ato máximo de amor, não só ao outro, mas a você mesmo.
Quando você deixa ir, você deixa de se submeter a certas situações e também de machucar ao próximo.
Em todas as nossas relações, quando nos colocamos em primeiro lugar, ensinamos ao outro como queremos sermos amados, e também como queremos amar. Amor nunca fez mal a ninguém, o ser humano que distorce um lindo sentimento para satisfazer seus anseios egoísticos.
Essa conversa finalmente chega ao fim (fui redundante? Provavelmente), e é só mais uma reflexão que trago. Talvez eu esteja errada, talvez eu mude de ideia, mas, quem sabe? Essa é a magia de sermos humanos: estamos sempre em mudanças e evolução.
Tenha responsabilidade emocional, não só com os outros, mas também consigo mesmo. Você não merece algumas situações, então deixe ir.
Deixe ir para ser feliz, pois você também precisa ir. Seu caminho é brilhante e há outras pessoas incríveis que você irá encontrar.
Um cheiro,
Thyaly Diniz


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