As lágrimas eram silenciosas e finas, como se a dor fosse tão grande que
não conseguisse ser saciada. A gota delicada caiu no papel amarelado, manchando
mais ainda as palavras escritas.
As palavras agora eram as suas aliadas, pois conseguiam transmitir no
papel o que suas lágrimas não conseguiam em seu rosto. Era engraçado como
sempre se machucava pelo mesmo estúpido erro. Perguntou-se se seu coração ainda
se recuperaria por tamanho descuido, apaixonar-se perdidamente por algo que
estava fora de seu alcance.
Arrependia-se ainda por ter o coração inocente de uma criança, que
sempre ama a todos sem ver a maldade escondida na alma. Talvez, a mágoa
endurecesse seu coração infantil e o transformasse em um coração frio e adulto.
Queixou-se por ser tola e ainda por guardar tamanho sentimento dentro de si.
Sabia que isso não lhe faria bem, mas que culpa tinha ela se não conseguia mandar em
seu coração estúpido?
Era em momentos como esse que se questionava da racionalidade humana.
Tudo o que sentia podia ser traduzido em sucessivas reações químicas que
ocorriam dentro de seu cérebro. Nesse momento, apelou para a Literatura, que
conseguiria traduzir com perfeição tudo o que estava sentindo, em seus versos
controversos sobre a vida, que de alguma forma, lhe confortava que em algum
lugar houvesse algum poeta solitário já tivesse sofrido o mesmo que ela. A
garota racional detestava quando os sentimentos lhe arrebatavam. Estava acostumada
com a certeza dos cálculos, não com a incerteza do amor.
Outra lágrima escorreu solitária quando ela se lembrou das malditas
palavras amargas. Engraçado como as pessoas mudavam com os acontecimentos da
vida. Se a garota que normalmente ela era a visse agora, daria uma forte tapa
na sua cara, dizendo que as palavras não têm gosto e que só são palavras.
A garota chegou à conclusão de que era uma tola. Não só as palavras têm
gosto, como força, poder, mágoas. E foi necessário que fosse terrivelmente
magoada para perceber isso, que as palavras maltratavam seu coração e seu
cérebro, não tendo piedade de sua lástima.
Engraçado como toda mágoa se transforma fácil em palavras. Agora, a
tristeza dos poetas lhe fazia sentido e justamente por isso, ela sentiu pena deles.
Thyaly Diniz



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