Eu espero não te amar




Teria sido uma boa história de amor, feito aquelas de filme de sessão da tarde. Apesar das dores de nós dois, seria uma ótima parceria, feito novela da Globo.  Sendo que essa não é a realidade e, novamente, cabe a mim tomar as decisões difíceis. Sou sempre eu. As pessoas esquecem que mesmo que seja eu a ter coragem, não significa que não seja difícil. Sempre dói e sou eu que carrego o peso de dois mundos sobre meus ombros.

Eu te amei, eu te amo, eu espero não te amar.

Te amar é mesmo uma das coisas mais difíceis, dolorosas, caóticas, cruéis que já fiz na vida. Não com você, mas comigo mesma. Toda vez que eu te amo, eu não me amo. Toda vez que eu te quero mais, menos me quero. Toda vez que te desejo, não me desejo mais. Somos Yin e Yang, dois extremos que deveriam se complementar, no fim, somos só aquele encontro caótico da natureza, que se apresenta como uma leve brisa, mas se transforma em um furacão.

No fim do dia, quando os cacos estão todos estilhaçados, sou eu que recolho cada um deles, mesmo que você me olhe distante fazendo menção de me ajudar. Não posso te permitir a juntar meus cacos, porque sei que você escolheu não ficar. 

Então, não posso me acostumar com você ao meu lado, porque aqui não é o seu lugar. E mesmo que eu sangre juntando cada um dos cacos e você me olhe com essa cara de desesperado e se mova em minha direção, eu não posso deixar você se aproximar mais uma vez, pois nós dois sabemos como isso vai terminar.

Você vai me ver sangrar, isso vai doer em você, mas acredite, irá doer mais em mim. 

Esse é um daqueles romances clássicos, que carregam o final trágico de dois amores que têm um fim.

E dói admitir isso, como a dor de um parto. É como se eu a realidade me rasgasse de dentro pra fora, desejando desesperadamente vir à luz. 

Essa é a dor que você causa em mim.

Esse amor já não é só amor há algum tempo, esse amor já tem a rima clichê com dor e amores não deveriam serem vividos assim.

Então eu vou dançando pelas palavras, fazendo música com minha desgraça, porque pateticamente, sou mais uma poeta apaixonada, deitada nas ruas vazias com uma garrafa de vinho, brindando aos céus em desespero, sonhando para que esse amor tenha um fim.

Eu não queria botar esse ponto final, mas já esgotei tudo, e agora, essas palavras são tudo o que possuo, uma prosa qualquer de quem já não sabe mais amar.

Porque mesmo que o amor rime com dor, ele não deveria doer, então tudo o que sei agora é que sinto dor e esse amor que só me faz sofrer.

Me desculpe, sei que está doendo em você, também está doendo em mim, mas nós dois sabemos que esse é o nosso fim.

Eu te amei, por Deus, como eu te amo, mas eu imploro para não te amar, porque essa dor eu estou exausta de carregar.

Thyaly Diniz

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