Há dias que parece que respirar parece difícil e eu sinto como se estivesse presa em um looping incessante.
É como um peso sobre o meu peito, acorrentando meus pés, arrancando as penas das minhas asas, como se o monstro que tenta me prender, mostrasse a realidade de estar com os pés junto ao chão.
Porém, até mesmo nesses dias, mesmo que meus pés estejam presos pelas correntes da realidade e minhas asas pareçam fracas demais para erguerem-se em voo, não consigo deixar de mirar as estrelas sobre mim, sempre tão brilhantes e tão cheias de esperança, como se guardassem um universo único em cada história.
São estrelas distantes, mas as vezes estão perto. Elas permitem que mesmo que meus pés estejam no chão, eu possa me encantar com o brilho delas. São estrelas, lindas e brilhantes em seu pequeno microuniverso.
Talvez eu seja uma estrela também, ou apenas aqueles cometas que rasgam o céu de tempos em tempos, ou talvez eu seja plutão, distante com o coração de gelo, ou ainda, talvez eu seja como a chuva...
Talvez eu seja tudo isso e mais um pouco.
Talvez eu seja mesmo filha da natureza e guardo dentro de mim todas as esperanças que me confiaram.
Talvez eu seja uma estrela brilhante para algumas pessoas, dançando pelo céu enquanto faço meu ballet ensaiado e bem coreografado nas noites escuras. Talvez eu seja um cometa na vida de outras, e apareça do nada e também sigo meu caminho do nada, rasgando o céu escuro com um brilho repentino que causa impacto. Talvez eu seja Plutão para tantas mais, distante e imperceptível, sequer um planeta, com um coração de gelo fácil de se quebrar, isolada sem fazer parte do sistema solar. E talvez eu seja como a chuva, as vezes forte, as vezes fraca, mas ali de tempos em tempos, aparecendo para lavar a alma, para aguar as plantas, para fazer reviver, para reaparecer após a seca.
Ou ainda, talvez eu seja a Lua, sempre ali, mesmo que não visível, aparecendo quando possível, mostrando todo o seu brilho nas noites mais escuras, acalmando os corações necessitados.
Talvez eu seja tudo isso, mas não posso dizer que não sou nada, pois o pouco sei, é que sou, o quê, é que não sei.
Então, mesmo nos dias mais difíceis, que respirar parece impossível e que os dias pareçam intermináveis, que o choro queira se romper do meu peito e que eu deseje apenas encostar-me um pouco e deixar que as lágrimas aliviem o peso das correntes em meus pés, posso olhar para o céu e perceber que há estrelas brilhando por mim, assim como a chuva há de chegar, assim como a primavera também virá.
Eu sou natureza e como toda tempestade, também irá passar.
Thyaly Diniz



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