Hey, vem cá!!

Viagens, Lago, Pés, Repouso, Caminhadas

Hey, vem cá! 
Senta aqui, vamos conversar? Aceita um café, uma água ou um chá?
Espero que você esteja bem e, caso não esteja, que seus dias possam ser melhores.
Hoje é mais um desabafo, na verdade. Percebi esses dias que boa parta das minhas postagens são um desabafo, talvez seja essa minha forma de colocar para fora aquilo que não consigo falar.

Escrevi um texto esses dias tão triste, que fui relê-lo e chorei, então decidi não publicá-lo. No momento em que estamos, acho que já chega desse sentimento.

Hoje não é um desabafo triste, mas um desabafo reflexivo. 

Vocês sentem a sensação que precisam estarem correndo antes mesmo de aprenderem a engatinhar? Essa sensação tem sido um constante fantasma que me persegue ultimamente. É uma sensação de que preciso ter tudo pronto, uma casa legal, um emprego legal, um carro legal (eu nem tenho carteira - história para outro post). 

Essa urgência tem me roubado as noites de sono, e, muitas vezes meu fôlego. É desafiador ter vinte e dois anos e sentir-se um fracasso, quando todos começam de pontos de partida diferentes. Por exemplo, com o pouco de maturidade que adquiri ao longo dos anos, percebi que todos nós começamos de pontos diferentes e isso irá resultar em um momento diferente. Eu hoje sei que tenho alguns privilégios e entendo que a sociedade é injusta, afinal, os pontos de partidas são MUITO diferentes entre todos.

Então me pergunto: como essa corrida seria justa se todos nós começamos em pontos tão diferentes?

As vezes sinto que preciso entregar sempre o melhor, ser a melhor, ou ao menos dar o meu sangue para que possa tentar estar entre eles. É uma corrida constante em que preciso continuar em frente mesmo quando já me falta fôlego. Continuo correndo há tanto tempo que não sei quando comecei a correr, muito menos porque continuo correndo. Tudo o que sei é que preciso continuar em frente, que eu não posso parar, que eu não posso tomar meu fôlego, que eu não posso simplesmente andar.

Pensei ser a única a me sentir assim, mas numa conversa com meus amigos que também estão na casa dos vinte, todos parecem se sentir da mesma forma. Podem dizer: o mercado de trabalho é competitivo, é por isso que precisamos correr. Então me questiono se a vida é uma eterna corrida em que não temos tempo algum para poder parar e apreciar a vista.
Me parece uma corrida inútil se não há um objetivo.

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Estamos no meio de uma pandemia. As vezes é mentalmente exaustivo simplesmente estar em casa. Não vejo a rua há meses e sinto saudades da minha normalidade, bem como de coisas simples. É muito frustrante continuar correndo e correndo quando o momento pede calma para que você possa respirar, ou você não vai conseguir continuar a correr, pelo contrário, irá se lesionar, e é por isso que é preciso correr com prudência.

Entretanto, eu sou uma dessas atletas com o músculo lesionado que simplesmente continua correndo e correndo porque já não sabe como parar, adormecida demais pela adrenalina para sentir os efeitos das dores, que se tornou uma companheira indesejada, mas antiga.

É horrível se sentir culpada por fazer algo que gosta. É horrível sentir-se culpada por dormir, quando esse tempo poderia ser aproveitado produzindo e produzindo. E você me pergunta para quê? Eu vou te responder: porque eu preciso. Não faço ideia do motivo, mas eu sei que preciso.

A ansiedade é um fantasma e muitas vezes eu fecho os olhos e rezo para que ele vá embora.

Por que a nossa geração está assim? Por que somos tão desesperados em sermos os melhores ou ao menos estarmos entre eles? Estamos mesmo seguindo nossos sonhos ou os sonhos que nos mandaram ter?

Essas perguntas têm povoado minha mente, e hoje esse é um desabafo sincero que eu espero reler no futuro e me sentir um pouco melhor. Não faça como essa ingênua escritora que vos escreve, por favor, tenha um pouco de freio. Freios são importantes e necessários para que nós não nos sobrecarreguemos.

Para algum coach que esteja lendo isso ou qualquer pessoa que queira empurrar as outras a continuarem produzindo e produzindo como se fôssemos meras máquinas, peço para que tenha um pouco de senso:  é tempo de andar ao invés de correr, pois a estrada é confusa e sinuosa, ou então todos os atletas ficarão machucados.

Então, finalizo esse texto com um recado a você e a minha eu do futuro: espero que você possa apreciar a vista com tranquilidade, sendo feliz com os seus sonhos, assim como possa entender que apesar de parecer ser uma corrida, nada mais é do que uma longa caminhada e que muitos preferem fazê-la correndo ao invés de apreciar a vista. E tá tudo bem, afinal, cada um pode fazer o seu próprio caminho.


Um cheiro,
Thyaly Diniz

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