Porque, no fim, você é uma poesia viva de um sistema a qual não faço


Plutão, Planeta Anão, Cinturão De Kuiper, Nasa


Achei ser Terra
Repleta de água e vida
Mas talvez eu fosse Mercúrio
Cheio de fogo nas veias
Meu peito já foi Marte
Se tornou Saturno

Mais no fim descobri que talvez eu seja um asteroide qualquer
Minúsculo e irrelevante
Uma chama flamejante
Que risca o céu como uma estrela decadente
Como uma artista solitária

Uma poeta fracassada
Uma escritora amargurada
Mais uma dentre todas as outras
Apenas mais algumas palavras jogadas

Meu coração fica mais frio
Um inverno constante e amargo
Com lembranças que ficaram presas no passado
Um inverno em inferno
Congelado num fogo que não queimará mais

Girando e girando 
Orbitando onde ninguém vê
Presa pela gravidade
Mirando as estrelas
Sonhando voar

Mais um dia, mais uma noite
O Sol se põe para que a Lua possa brilhar
A Lua sempre foi mais atraente
A Lua sempre foi misteriosa
A Lua sempre reinou
A Lua é a Lua

Talvez você seja Júpiter
Com todas as suas Luas espalhadas por aí
Talvez eu seja apenas Europa
Talvez eu seja apenas mais uma
Não, talvez não. 


No fim, não, não sou Europa
Muito menos Lua
Eu sou Plutão, que não faz parte desse sistema
Um coração gigantesco
Congelado pelo tempo
Esquecido no espaço
Pequeno e sem importância
Distante de todos
Sonhando em ser beijado pelo Sol
Orbitando entre todos
Servindo de escudo
Um escudo que ninguém vê

T.J. Diniz

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